Reitor pensa em pedir cancelamento do semestre

Rafael Barbosa - Repórter    
O semestre de 2012.1 da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN) pode ser cancelado caso os professores da instituição não retomem as atividades até o dia 1º de julho. A afirmação é do reitor geral da Universidade, Milton Marques de Medeiros. Ele diz que será difícil finalizar os dois semestre previstos para este ano no prazo que duraria até março ou abril de 2013. Caso isso ocorra, o Conselho da UERN vai se reunir para tentar achar uma solução para o problema. "Não temos histórico de casos como esse, então a solução precisaria ser estudada", explicou o reitor, afirmando ainda que talvez o Ministério da Educação precise ser consultado para a tomada de decisão.

Júnior SantosGreve dos professores da UERN já dura 40 dias, e não há perspectiva de acordo com o Governo do RNGreve dos professores da UERN já dura 40 dias, e não há perspectiva de acordo com o Governo do RN

Apesar da má notícia, Milton Marques acredita que até o fim desta semana a categoria e o Poder Público cheguem a uma conciliação. Ainda de acordo  com reitor, o Governo do Estado afirma que pretende negociar com os professores desde que eles retomem o trabalho. "Tudo indica que o Pleno tome uma decisão com relação à greve, e alguma coisa deve ser definida", disse, Marques sobre o recurso impetrado pelo Executivo para solicitar a ilegalidade do movimento grevista. O Governo recorreu da decisão da juíza Sulamita Pacheco, proferida no último dia 30 de maio pela juíza Sulamita Pacheco, que reconheceu a legalidade da paralisação.

Segundo o Consultor-Geral do Estado, José Marcelo Ferreira Costa, a decisão divulgada liminarmente foi analisada pelo Governo, já que, apesar da greve ser considerada legal, ele acredita que há algumas implicações que devem ser avaliadas, como o fato de garantir um percentual mínimo das atividades para a população. Mas Milton Marques afirma que o percentual de 30% da categoria obrigado por lei para a realização da greve tem sido mantido com os funcionários da administração e das pós-graduações da instituição.

Flaubert Torquato, presidente Associação dos Docentes da UERN (Aduern), diz que não há negociação com o Governo do Estado. "Semana passada enviamos documento solicitando reabertura de negociação, e não obtivemos resposta do Governo", afirma. Segundo Flaubert, os professores querem o cumprimento do acordo firmado para o fim da última greve da categoria. No fim do ano passado, após negociação, os docentes colocaram fim a uma greve que durou 106 dias. Flaubert Torquato diz que o acordo com o Executivo Estadual se deu após o acerto de reajuste salarial total de 27,7%. O valor foi dividido em três parcelas a serem pagas nos meses de abril de 2012, 2013 e 2014. O primeiro pagamento, 10,65%, não teria sido pago pelo Governo.

A secretário de Educação e Cultura, Batânia Ramalho, foi procurada pela reportagem para salar sobre as negociações, mas não pôde atender por estar em uma reunião da Governadoria, segundo a chefe de gabinete dela.

ALUNOS PREJUDICADOS

A paralisação das atividades na Universidade prejudica o ano letivo dos estudantes da instituição. Isadora Dias Medeiros, aluna do 5º período do curso de Direito do campi de Natal, conta que tem sido difícil conviver com a falta de aulas na instituição. "O nosso cronograma já estava completamente desorganizado depois da última greve, e agora só piorou", reclama.  Isadora conta que as aulas perdidas durante a primeira paralisação estavam sendo aos sábados e em alguns feriados, e diz que já imaginava que uma outra greve pudesse implicar na perda do ano letivo de 2012.1

Ela e outros estudantes da UERN organizaram um movimento e se reúnem em assembleias para tentar achar uma solução para o problema. Eles realizarão protesto amanhã em frente ao prédio da Universidade da zona Norte, ainda em obras, para cobrar a continuação da construção e pedir à Governadora que entre em acordo com os professores.

Professores da UFRN realizam plebiscito hoje

Os docentes da UFRN realizam durante todo o dia de hoje um plebiscito em todas as unidades da instituição, para saber a opinião dos professores sindicalizados sobre uma possível paralisação das atividades. Em uma assembleia ocorrida na semana passada a maioria dos presentes votou à favor da greve - 54 a 49. Mas, segundo o presidente da Associação dos Docentes da UFRN (Adurn), João Bosco Araújo, o estatuto da categoria prevê a consulta através de plebiscito para o início do movimento.

João Bosco diz que a diretoria da Adurn é contra a greve, porque acredita que as negociações com o Governo Federal devem ter avanços. Além disso, ele não acredita que o movimento tenha força se iniciado agora, devido ao período letivo da Universidade. A UFRN está em final de semestre, e em poucas semanas os servidores entrarão de férias. A principal reivindicação dos professores é a equiparação salarial dos Magistrados de Nível Superior e de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT) com os de Ciência e Tecnologia. Os reajustes estão entre 40 e 60%.

O sindicato dos técnicos administrativos da UFRN oficializou na manhã de ontem o movimento de greve por tempo indeterminado. Os 3.200 técnicos na ativa, além dos 2.000 aposentados reivindicam melhorias salariais, racionalização dos cargos, cumprimento do plano de carreiras e do "step" (diferença relativa de uma categoria para outra) de 5%.

A pauta de negociação é a mesma de 2011. Ano no qual a categoria permaneceu em greve durante 113 dias e não teve seus pedidos atendidos. Com a paralisação, os hospitais e restaurantes universitários, biblioteca e o sistema de apoio à docência vão funcionar com o efetivo de greve de 30% dos funcionários.

Fonte TN

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