Carcinicultura e pesca em debate

O comércio de pescado é mais um caso de grande potencial ainda não utilizado no Rio Grande do Norte. O Estado possui características naturais que torna propício o investimento tanto na pesca quanto na criação de peixes e camarão. Embora tenha historicamente uma posição de destaque na produção de lagosta, camarão e atum, principalmente, ainda há espaço para crescer. Segundo produtores, estudiosos e gestores, conseguir aproveitar as características que naturalmente dão vantagem ao Rio Grande do Norte na área deve ser uma prioridade.
Alex RégisDesde 2008, o seminário MDRN debate temas relevantes para o desenvolvimento econômico do Rio Grande do NorteDesde 2008, o seminário MDRN debate temas relevantes para o desenvolvimento econômico do Rio Grande do Norte

O Projeto Motores do Desenvolvimento do Rio Grande do Norte, realizado pela TRIBUNA DO NORTE, Salamanca Capital Investments, UFRN, Sistema FECOMERCIO/RN e Sistema FIERN, com patrocínio do Sebrae,  Companhia das Docas do Rio Grande do Norte, Associação Brasileira de Criadores de Camarão, Associação Norte Riograndense de Criadores de Camarão e da Assembléia Legislativa do RN, terá como tema PESCA, AQUICULTURA E CARCINICULTURA. O Seminário, quarta edição de 2012, será realizado no próximo dia 19 de novembro, no auditório da Fiern, às 8h.

Este é o quinto ano do projeto Motores do Desenvolvimento e o tema Pesca, Aquicultura e Carcinicultura é o 16º trabalhado desde que iniciou, em 2008. Outras temáticas, como indústria, inovação e tecnologia, educação, turismo, já foram abordadas pelo Motores do Desenvolvimento. As inscrições são gratuitas e já estão abertas, porém as vagas são limitadas. Para se inscrever, é necessário ligar para os telefones 4006.6120 ou 4006.6121, durante o horário comercial.

O RN mantém atividades mais significativas na pesca artesanal e industrial, além da criação de camarões em viveiros, a carcinicultura. No que diz respeito à piscicultura, que é a criação de peixes em viveiros, o Estado ainda tem muito a melhorar. "Temos a carcinicultura já bastante difundida no Rio Grande do Norte, que é um estado pioneiro. Na piscicultura, estamos bastante aquém do nosso potencial, principalmente por dificuldades na área ambiental", diz o professor da UFRN, Antonio-Alberto Cortez. Nas pesca artesanal, o Rio Grande do Norte sempre foi destaque na captura da lagosta, contudo nos últimos anos a atividade tenha entrado em dificuldades por conta de conflitos com a legislação ambiental. Já na chamada pesca industrial, em águas profundas e que exige maior aparato técnico, o atum é o principal produto potiguar.

Além de aumentar a produção, a forma como esse produto é tratado precisa sofrer modificações. Principalmente no que diz respeito à pesca artesanal, a produção potiguar carece de beneficiamento. Com a venda do produto sem ser processado, cai o valor de mercado, o que diminui os ganhos dos pescadores. Na pesca industrial acontece um processo semelhante, onde a falta de infraestrutura da frota, com exceção dos barcos japoneses arrendados, diminuem a capacidade de captura e o valor agregado do

atum potiguar.

Mesmo com as dificuldades, especialistas apontam que a pesca e a aquicultura devem passar por um modificações nos próximos anos, que terão um saldo positivo. "Esse novo momento se intensificou nos últimos dois anos. Mas a construção já tem pelo menos 10 anos de luta para que alguns dispositivos legais fossem reconhecidos. Com esse respaldo legal, começamos uma segunda etapa de um processo de reorganização em todo o Brasil. Há uma série de políticas públicas que começaram a ser implementadas", diz o professor Cortez.    

Bate-papo

Antonio-Alberto Cortez, professor da UFRN

"Pesca tem grande capacidade de absorver mão de obra" 

A pesca artesanal é bastante difundida no nosso Estado?

Muito. E por incrível que pareça, a densidade nas águas continentais é bem maior que no litoral. Há 80 comunidades pesqueiras no Estado, das quais somente 30 estão nos 410 quilômetros do litoral. Há 50 no interior, ou seja a maioria. Imagine se houvesse mais facilidades para o pescador exercer o seu trabalho. A pesca tem uma grande capacidade de absorver mão de obra e gerar postos de trabalho. Acredito que a pesca artesanal deve passar por um tempo dentro do que chamamos de um "novo momento".

Por que um novo momento?

Esse novo momento se intensificou nos últimos dois anos. Mas a construção já tem pelo menos 10 anos de luta para que alguns dispositivos legais fossem reconhecidos. Com esse respaldo legal, começamos uma segunda etapa de um processo de reorganização em todo o Brasil. Há uma série de políticas públicas que começaram a ser implementadas. Um exemplo: nesses 10 anos o Brasil passou a ter um Ministério da Pesca. Quem não tinha para onde correr, hoje tem um endereço. Tivemos a aprovação da Lei da Pesca, o reconhecimento de que as comunidades pesqueiras como os legítimos representantes da categoria, entre outros. São projetos que dormiam há anos no Congresso e que a aprovação possibilitou avanços. Bem mais recente houve a concessão da carta sindical ao setor. Antes da carta, o imposto sindical era repassado para uma entidade sindical ligada à agricultura. A mais nova ação do Governo Federal foi o Plano Safra da Pesca, que estabelece linhas de financiamento específicas para a atividade. O que aconteceu foi um reconhecimento da pesca no país.

E em relação ao cultivo?

Temos a carcinicultura já bastante difundida no Rio Grande do Norte, que é um estado pioneiro. Na piscicultura, estamos bastante aquém do nosso potencial, principalmente por dificuldades na área ambiental.

E em relação à pesca industrial?

A pesca industrial é praticada principalmente em águas profundas. Deve ser praticada em alto mar. No RN, não há conflito entre a pesca artesanal e a industrial pela mesma espécie. A pesca industrial vai até mil quilômetros, dois mil quilômetros. 

A pesca industrial gera mais empregos?

Não, mas tem uma cadeia produtiva bastante significativa. No caso do RN, há vantagens comparativas e competitivas para desenvolver uma pesca industrial de porte. Estamos bem situados dentro dos grandes corredores das espécies migratórias, que transitam no Atlântico Sul. E estamos próximos da Europa e dos Estados Unidos. São sete ou oito horas para Madrid e seis horas de Miami.

PROGRAMAÇÃO DO SEMINÁRIO PESCA, AQUICULTURA e CARCINICULTURA

8h - Abertura

Presidente da Fiern, Amaro Sales de Araújo/Presidente da Fecomércio/RN, Marcelo Fernandes de Queiroz/Reitora da UFRN, Ângela Paiva Cruz/ Presidente da Tribuna do Norte, Deputado Federal Henrique Eduardo Alves/ Prefeito da Cidade do Natal, Paulo Freire/Presidente da Assembleia Legislativa do RN, Deputado Ricardo Motta/ Ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves Filho/ Governadora do Estado do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini

1º Bloco Técnico - MANHÃ

 9h - Palestra 1 

Palestrante: Marcelo Crivella, Ministro de Estado da Pesca e Aquicultura

9h40 - Debate com 1 palestrante e perguntas da plateia

Mediador: Amaro Sales de Araújo, Presidente da FIERN - Federação das Indústrias do RN

10h - Palestra 2

Palestrante: Abraão Lincoln, Presidente da Confederação Nacional dos Pescadores

10h30 - Palestra 3

Palestrante: Gabriel Calzavara, Presidente da Atlântico Tuna

11h - Debate com 2 palestrantes, 2 debatedores e perguntas da plateia 

Mediador: Afonso Avelino Dantas Neto, Diretor Regional do SENAI

Debatedor 1: Jonny Araújo Costa, Superintendente Regional do Trabalho e Emprego no RN

Debatedor 2: Alvamar Costa de Queiroz, Superintendente do IBAMA no RN

12h - Intervalo para Almoço livre

2º Bloco Técnico - TARDE

14h15 - Palestra 1

Palestrante: Itamar Rocha, Presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Camarão

14h45 - Palestra 2

Palestrante: João Hélio Cavalcanti, Diretor Técnico do SEBRAE

15h15 - Debate com 2 palestrantes, 2 debatedores e perguntas da plateia 

Mediador: Antonio Gilberto de Oliveira Jales, Secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos

Debatedor 1: Gustavo Szilagyi, Diretor Geral do IDEMA

Debatedor 2: Emerson Fernandes, Diretor Geral do DNOCS

16h - Palestra 3

Palestrante: Carlos Wurmann (Chile), Consultor na área de pesca e aquicultura

16h45 - Debate com 1 palestrante, 2 debatedores e perguntas da plateia.

Mediador: Graco Câmara de Melo Viana, Prof. Associado do Departamento de Oceanografia da UFRN

Debatedor 1: Jorge Bastos, Presidente do Sindicato da Indústria da Pesca do RN

Debatedor 2: Rodrigo Hazim, Empresário da indústria pesqueira

17h45 - ENCERRAMENTO

Programação sujeita a alterações

da TN

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