Consórcio vai operar 70% das linhas


O setor de transporte público volta a passar por mudanças em Natal. As empresas Guanabara, Reunidas e Santa Maria, que detêm 70% do mercado, anunciaram na última quarta-feira que vão se unir em consórcio. Segundo o Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros do Município do Natal (Seturn), a unificação das empresas, que passarão a ter uma única razão social (CNPJ) e não mais três, será formalizada até o dia 30 de dezembro. Outras duas empresas de ônibus - a Cidade do Natal e a Via Sul - também expressaram o interesse de integrar o consórcio. Só a Conceição ainda não manifestou interesse. Uma reunião com as duas interessadas foi agendada para a próxima terça-feira na sede do Seturn. 
Magnus NascimentoEmpresas fazem consórcio para participarem de futura licitação
Empresas fazem consórcio para participarem de futura licitação

O objetivo da unificação, encarada como um processo natural pelo sindicato, é reduzir os custos. Espera-se, com a formação do consórcio, diminuir em 15% as despesas das três empresas. "Com a unificação, vai ser possível economizar nas compras, na manutenção e na operação das linhas. Cada empresa tem um setor de manutenção. Com a unificação, só precisarão de um", explica Augusto Maranhão, que é dono de uma das empresas interessadas em entrar no consórcio, e diretor de comunicação do Sindicato. De acordo com ele, a unificação também aumenta o poder de barganha junto aos fornecedores. "O que buscamos, na verdade, é uma melhor eficiência". O que for economizado, segundo o empresário, será reinvestido na frota de ônibus. 

Embora fale em 'enxugamento de gastos', Augusto descarta demissões neste primeiro momento. "O que haverá é remanejamento de funcionários", esclarece. As negociações que culminaram na formação do consórcio começaram em abril deste ano, mas esfriaram com o adiamento do processo licitatório, ainda sem data para sair do papel. O assunto voltou a ser discutido depois que a Câmara dos Vereadores decidiu suspender o aumento da tarifa de ônibus. Ainda não se sabe quando a Secretaria de Mobilidade Urbana e a Prefeitura, que concedeu as permissões para as empresas operarem, serão comunicadas oficialmente da unificação. "As empresas não precisavam consultar a Prefeitura. Trata-se de uma operação comercial, como a compra ou a venda de uma empresa", afirma Augusto Maranhão. Segundo ele, a relação jurídica entre a Prefeitura e as empresas permanece a mesma, mesmo com a mudança na razão social. A formação do consórcio, que reflete o encolhimento do mercado, não trará, segundo Augusto, nenhuma mudança para os passageiros. Também não haverá mudanças nas linhas, pelo menos num primeiro momento. 

A participação no consórcio, que segundo informações extraoficiais se chamará consórcio Norte-Sul, vai depender do tamanho da frota de cada empresa. Com 200 ônibus, a Guanabara, hoje controlada por um grupo pernambucano, terá a maior participação entre as três. A equipe de reportagem telefonou no fim da tarde para a sede das três empresas, mas não encontrou nenhum dos diretores. 

Decisão não foi comunicada ao Sintro e a outras entidades

O anúncio do Seturn sobre a formação do consórcio não foi devidamente oficializado à Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana. A informação também não foi repassada formalmente ao Sindicato dos Profissionais de Transporte do RN (Sintro), à promotoria de Defesa do Consumidor e ao Procon.

Jefferson Pedroza, secretário adjunto de Transporte, soube da formação do consórcio através da imprensa e afirmou que a Semob "ainda não recebeu" nenhuma informação oficial do Seturn: "Não sei como será a operação nem se haverá mudanças nas linhas". Já Haroldo Maia, adjunto de Trânsito da pasta, que também não tem detalhes sobre o tema, acredita que "para o sistema, ao meu ver, não haverá interferência nenhuma".

Nastagnan Batista, presidente do Sintro/RN, declarou que também só viu a notícia na imprensa. "Até agora não houve nenhuma mudança em relação aos trabalhadores, não estamos sabendo de nada ainda, mas se tiver algo anormal vamos acionar a Justiça". Batista disse que recebeu muitas ligações de trabalhadores preocupados com relação a possíveis demissões. Segundo ele, as três empresas juntam detém cerca de 70% do controle de todo o sistema de transporte público de Natal. 

De acordo com o presidente do Sintro/RN, a Reunidas tem aproximadamente 500 funcionários e 100 veículos; a Santa Maria emprega 1.000 pessoas e a frota chega a 200 ônibus; enquanto a Guanabara mantém 1,5 mil trabalhadores e 250 veículos circulando. A frota total de ônibus circulando em Natal chega a 750. 
da TN

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