Delegados fazem paralisação de advertência em protesto contra o “descaso” da administração Rosalba

Para a presidente da entidade, Ana Cláudia Saraiva, a nomeação de novos delegados é urgente para suprir déficit. Foto: Divulgação
Para a presidente da entidade, Ana Cláudia Saraiva, a nomeação de novos delegados é urgente para suprir déficit. Foto: Divulgação
Em seu segundo dia de paralisação de advertência, os delegados da Polícia Civil do Rio Grande do Norte se reuniram hoje pela manhã para analisar as contrapropostas de negociação apresentadas pelo Governo do Estado. A categoria reivindica, entre outras coisas, a retirada total de presos das delegacias, a nomeação dos aprovados no último concurso público e melhorias nas condições de trabalho.
A presidente da Associação dos Delegados do Estado (Adepol), Cláudia Saraiva, disse que na próxima sexta-feira, a categoria deve votar o indicativo de greve, também por tempo indeterminado, caso o Governo não atenda aos pedidos apresentados, que contemplam ainda a transferência do Arquivo Público Estadual para o prédio onde funciona a Delegacia Geral de Polícia (Degepol).
Cláudia disse ainda que a nomeação de novos delegados é uma das reivindicações mais urgentes da categoria, que sofre com o déficit de quase 200 profissionais. Atualmente, são apenas 163 delegados para atender a uma demanda de 167 municípios, incluindo várias delegacias distritais em Natal.
Ela explicou que existem 350 cargos de delegados criados em lei para o Estado, no entanto, como o déficit representa 54% da necessidade atual, muitos profissionais acabam sendo sobrecarregados com o acúmulo de cargos em vários municípios. Além da responsabilidade, há o agravante da estafa física e do estresse psicológico.
“Há colegas que acumulam mais de dez delegacias em municípios diferentes no interior do Estado, o que provoca um nível de estresse muito alto para o profissional, com doenças emocionais, físicas e até problemas sociais, já que eles não têm tempo de se dedicar às suas vidas pessoais por causa do excesso de trabalho”, explicou.
Outra reivindicação dos delegados é a retirada dos presos que ainda estão sendo custodiados nas delegacias do interior, uma solicitação antiga não só da categoria, mas também dos agentes e escrivães, que já estão há uma semana de braços cruzados. A falta de estrutura dos prédios públicos também é um ponto de atrito, já que os integrantes da Polícia Civil pedem a reestruturação das unidades.
Se os delegados acatarem o indicativo de greve, que deve começar já na próxima sexta-feira, dia em que a categoria irá decidir isso em assembleia geral, a Polícia Civil para por completo. Enquanto durar o movimento, apenas as delegacias de plantão da Capital funcionarão, registrando os casos de flagrantes. Já no interior, apenas as delegacias regionais estarão abertas.
População deve procurar delegacia virtual

Por causa da suspensão dos atendimentos ao público, a Degepol emitiu nota oficial orientando a população a procurar as delegacias de plantão, as regionais e também a Delegacia Virtual, para registro de perda, furto ou roubo de documentos pessoais e de telefones celulares, via internet. O serviço funciona 24h por dia.
O acesso ao atendimento online pode ser feito através do site da Secretaria de Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed), pelo endereço http://www.defesasocial.rn.gov.br. Ao abrir a página, o interessado deve clicar no link da Delegacia Virtual, ou ainda acessar diretamente o http://www.defesasocial.rn.gov.br/delegaciavirtual/bovirtual.dll/EXEC e preencher o formulário, conforme sua necessidade.

Categorias decidem mobilizações pela manhã
De braços cruzados há uma semana, os agentes e escrivães da Polícia Militar se reuniram na manhã de hoje com os servidores do Instituto Técnico Científico de Polícia do Estado (Itep/RN), no bairro Cidade Alta, para decidir sobre as mobilizações e atos públicos que serão realizados no período da tarde.
Ontem, eles promoveram uma passeata entre a sede do Sindicato dos Policiais Civis e Servidores da Segurança Pública (Sinpol), na Avenida Rio Branco, até a Praça Gentil Ferreira, no Alecrim, zona Leste de Natal. Durante o ato, eles explicaram à sociedade os motivos que levaram as duas categorias a iniciar a greve por tempo indeterminado.
Os policiais reivindicam a melhoria das condições de trabalho e de infraestrutura das delegacias, sobretudo as localizadas nos municípios do interior do Estado, onde muitas não oferecem as mínimas condições de funcionamento e segurança física para os servidores e população.
Já os grevistas do Itep reivindicam o envio do anteprojeto de lei que cria o Estatuto e a Lei Orgânica da categoria para a Assembleia Legislativa, para ser votada pelos deputados estaduais e sancionada pela governadora Rosalba Ciarlini. Eles suspenderam as atividades ontem, após dezenas de tentativas de negociação com o Governo, sem sucesso.
do JH

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