Falta de médicos compromete o atendimento no Pronto Socorro do Hospital Santa Catarina na ZN

Com alto número de aposentadorias, escala deste mês não pode ser fechada. Déficit que era de oito médicos, agora é de 11. Foto: José Aldenir
Com alto número de aposentadorias, escala deste mês não pode ser fechada. Déficit que era de oito médicos, agora é de 11. Foto: José Aldenir
O Hospital José Pedro Bezerra, conhecido como Hospital Santa Catarina, sofre com a falta de médicos. Desde o mês de fevereiro que o Pronto Socorro Infantil do Hospital é fechado no início da segunda quinzena de cada mês por falta de profissionais. Agora é a vez do Pronto Socorro Adulto que está na iminência de fechar as portas pelo mesmo motivo. O alto número de aposentarias associado ao déficit de médicos do corpo clínico do Hospital impossibilitou o fechamento da escala médica para o mês de agosto. Mesmo trabalhando apenas com dois profissionais por plantão, aquém do necessário, o atendimento à população só está garantido até às 13h de amanhã (27).
O chefe da Clínica Médica do Pronto Socorro Adulto do Hospital Santa Catarina, Reinaldo Carlos de Lima, confirmou que a aposentaria de três profissionais nos últimos dois meses comprometeu o fechamento da escala médica do PSA. Ele disse que a direção do Hospital e a Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) decidiram contratar profissionais médicos, por meio da cooperativa médica, a fim de complementar a escala dos profissionais.
“Estão tentando normalizar a situação, através da contratação de médicos pela cooperativa, mas o futuro é incerto, pois ainda não há nenhuma assinatura de contrato. Caso até amanhã esse contrato seja assinado, os médicos do Hospital se comprometerem em, por meio de plantões eventuais, completar a escala até o final deste mês. Mas se não assinarem, não podemos fazer nada. O Pronto Socorro fechará as portas de entrada para admissão de novos pacientes, mas os médicos continuarão dando assistência àqueles que estão internados”, afirmou o responsável pela Clínica Médica.
O diretor administrativo do Hospital Santa Catarina, Antônio Alves, explicou que o processo de complementação da escala médica encontra-se na Procuradoria Geral do Estado (PGE), já que em virtude da Lei de Responsabilidade Fiscal, o Estado não tem condições de realizar concurso público no momento. Antônio Alves explicou que serão contratados 58 plantões de 12 horas com a cooperativa. “Esse processo de contratação já vem sendo feito desde o início do mês e ainda não foi feito, pois tem que respeitar os trâmites burocráticos”, afirmou o diretor.
Antônio Alves disse que o Hospital Santa Catarina, em todos os setores, sofre com o alto índice de profissionais que estão em processo de aposentaria. Ele conta que o setor de Recursos Humanos da Sesap visitou a unidade a fim de realizar um dimensionamento dos profissionais que trabalham no Hospital Santa Catarina.
A Secretaria de Saúde, por meio da assessoria de imprensa, reconheceu o déficit de profissionais em toda a rede estadual de Saúde, mas afirmou que a resposta em relação ao processo que tramita na PGE deve sair ainda na tarde de hoje. A expectativa da Sesap é que, tão logo saia a resposta, o contrato seja assinado e que os médicos da cooperativa possam compor a escala ainda este mês. A Secretaria ressaltou que a partir de 1º de setembro a escala estará completa.
Reinaldo explicou que o ideal era ter 26 médicos, mas hoje só há 15 profissionais, sendo oito com carga horária de 40 horas semanais e sete com 20 horas. “Já vínhamos com um déficit de oito médicos e agora são mais três. Há alguns meses, por plantão, tínhamos quatro médicos. Hoje, na maioria dos plantões só há dois profissionais. Precisamos de um diarista para visitar os pacientes em observação, outro para ficar responsável pelos pacientes do setor de reanimação e dois para atenderem a porta de entrada do Pronto Socorro, mas hoje os dois profissionais de plantão ficam responsáveis por todos esses setores, o que acaba sobrecarregando os médicos”, ressaltou Reinaldo Carlos de Lima.
Na manhã de hoje, 19 pacientes estavam internados em macas na clínica médica, além de seis pacientes internados na sala de reanimação, que funciona como uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) improvisada.
Greve
Em função da greve dos servidores estaduais em Saúde, iniciada desde o dia 1º de agosto, o atendimento do Pronto Socorro já estava comprometido. Na porta de entrada dos consultórios médicos um aviso já indica que o atendimento foi reduzido. “Em virtude do número reduzido de profissionais, informamos que o atendimento hospitalar se restringirá aos pacientes classificados como amarelo, laranja e vermelho, ou seja, de urgência e emergência”, diz o cartaz.
“A greve atrapalha tudo, porque um hospital que sem greve já funciona com superlotação, quando reduz o número de profissionais, o paciente termina penalizado. A greve não prejudica o hospital, prejudica a população que não é bem atendida. Mas, apesar da greve está tudo funcionando, só que reduzido. No Pronto Socorro, por exemplo, os casos ambulatoriais não estão sendo atendidos”, destacou Antônio Alves. O diretor considera que menos de 50% dos servidores do Hospital entraram em greve. “Mesmo assim muda, pois já trabalhamos no limite de profissionais”.
Pronto Socorro Infantil
O Pronto Socorro Infantil passa pelo mesmo problema. Desde o mês de fevereiro que o atendimento, a partir da segunda quinzena de cada mês, é suspenso por falta de profissionais para completar a escala médica. Este mês o atendimento está suspenso desde o dia 18. O diretor administrativo do Hospital, Antônio Alves, informou que a Secretaria Estadual de Saúde Pública definirá os rumos da pediatria na unidade no mês de setembro. A Sesap deverá encaminhar novos profissionais para completar a escala até o final de cada mês ou transferirá o serviço para o Hospital Maria Alice Fernandes, que é referência no atendimento pediátrico.
do JH

Nenhum comentário:

Postar um comentário