Presos do RN ameaçam motins contra bloqueadores de celular; ouça áudios

Coape chama a atenção de diretores de unidades prisionais quanto à possibilidade de motins e rebeliões neste final de semana no Rio Grande do Norte (Foto: Reprodução)
A Secretaria de Justiça e da Cidadania do Rio Grande do Norte enviou um memorando a todos os diretores de penitenciárias e cadeias públicas chamando a atenção para a possibilidade de presos realizarem motins e rebeliões neste final de semana em todo o estado. O alerta foi emitido nesta quinta-feira (28) logo após a circulação, em redes sociais, de áudios supostamente gravados por criminosos em resposta à instalação de bloqueadores de celular na Penitenciária Estadual de Parnamirim, na Grande Natal (ouça os áudios aqui).

No documento, assinado pela Coordenadoria de Administração Penitenciária, está escrito: “Cumprimentando-os, inicialmente, sirvo-me do presente para determinar que todas as direções de unidades prisionais e grupos de apoios, tenham maior atenção às suas unidades e que compareçam às mesmas devido a possíveis motins ou rebeliões que possam acontecer neste final de semana em todo Estado. Diante o exposto, determinamos, também, que as equipes de Agentes Penitenciários deverão ficar de sobreaviso para possível acionamento” (SIC).
O G1 também recebeu os áudios. Em um deles, um homem que se identifica como 'Cabeça do Acre manda um recado:

- Então, família, um forte abraço do irmão ‘Cabeça do Acre’, pra essa grande família aí, maravilhosa aí do (   )… tô mandando essas fotos aí, pros irmãos aí, pra ver essa torre de bloqueio aí que tão colocando aqui no PEP, tá entendendo?… e que os irmãos fiquem ciente aí que, qualquer bloqueio, qualquer ‘pá’ aí, vamos botar o ‘bang’ pra funcionar. Firmeza? E o estado todo geral, tremer geral. Firmeza? É nós aí na fita, mano. E tamo junto. (SIC)
Bloqueadores de celular foram instalados nesta quinta-feira (28) na Penitenciária Estadual de Parnamirim; fotos foram feitas pelos próprios presos, que espalharam as imagens pelas redes sociais
Em outra gravação, aparentemente feita por um detento da própria Penitenciária de Parnamirim, ele liga para um apessoa para avisar sobre os planos de ataques que estariam para acontecer em represália pela instalação dos bloqueadores, e diz:
- Olha, deixe eu dizer pra você… quando for depois de 6 horas da noite, você não saia de casa não, viu? Avisa aí pra suas amigas, pro pessoal que você gosta, sua mãe… não saia de casa não que, depois de 6 horas da noite vai ter um ataque grande aí, uma guerra aí no Rio Grande do Norte, viu? Tão botando um bloqueador aqui na cadeia, e vai ser dada uma resposta aí pro estado, entendeu? Porque foi avisado que não é pra ser botado esse bloqueador, e o governo do estado tá pensando que é brincadeira. Aí o bagulho vai ficar doido, entendeu? Aí eu tô lhe avisando porque eu gosto de você. Você sabe, né, a pessoa tando no meio da rua pode acontecer alguma coisa. E tando em casa tá guardadinha, né, cunhada? Fica com Deus. Um beijo bem gostoso, viu? Adoro você. (SIC)
Transferências
Secretário da Justiça e da Cidadania, Wallber Virgolino disse que a Sejuc tem conhecimento dos áudios que circulam nas redes sociais e que, “caso ocorra alguma insurgência dentro e/ou fora das unidades prisionais, a ordem é rechaçá-las em maior intensidade, pois o crime organizado está monitorado e o Estado vai antecipar qualquer conduta criminosa com rigidez”. Ainda de acordo com o secretário, uma das mediadas necessárias pode ser a transferência de detentos para presídios federais. “A ordem é jogar duro e firme contra a vagabundagem”, acrescentou.
Algumas unidades ficaram destruídas, segundo a titular da Sejuc. Na foto, uma cela de Alcaçuz após as rebeliões (Foto: Divulgação/Sindasp-RN)
Sistema em calamidade
O sistema penitenciário potiguar não passa por um bom momento. E faz tempo. Em março de 2015, após uma série de rebeliões em várias unidades prisionais, o governo decretou estado de calamidade pública e pediu ajuda à Força Nacional. Para a recuperação de 14 presídios, todos depredados durante os motins, foram gastos mais de R$ 7 milhões. Tudo em vão. As melhorias feitas foram novamente destruídas. Atualmente, em várias unidades, as celas não possuem grades e os presos circulam livremente dentro dos pavilhões.
Além das unidades depredadas e da superlotação, mortes dentro dos presídios e fugas também se tornaram problemas constantes para o Estado. Somente este ano, 16 detentos morreram de forma suspeita ou foram assasinados dentro das unidades prisionais do estado. E mais: 274 detentos já escaparam do sistema prisional potiguar em 2016.
Após uma das mais recentes fugas deste ano, quando 16 detentos escaparam de um presídio na região Seridó do estado, o secretário Wallber Virgolino chegou a afirmar que o Estado tem total controle da situação. “As fugas reduziram, o sistema distensionou. Os agentes penitenciários entram em qualquer unidade do estado a qualquer hora do dia e da noite, então nós retomamos o controle das unidades prisionais”.
Fonte: G1/RN

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